Separar-se dói,mas também pode ser uma bênção
É possível separar-se de alguém com respeito e com ternura.É possível um divórcio verdadeiramente amigável.
Mas para isso é preciso que as duas pessoas envolvidas no processo de desfazer um laço de intimidade tenham amadurecido o suficiente para conhecer a si mesmas.
Caminhamos lado a lado com algumas pessoas em alguns momentos da vida.
Minha professora de hatha ioga,Walkiria Leitão,comentou em uma de nossas aulas:
“A vida é como atravessar uma ponte.Nem sempre as pessoas com quem iniciamos a travessia são as mesmas que nos cercam agora ou com quem chegaremos do outro lado.Mas sempre há alguém por perto.Nunca estamos sós.”
O medo da solidão,muitas vezes,faz com que as pessoas suportem o insuportável.
Ou se lamentem após uma separação,apegadas até mesmo ao conflito conhecido.
Ainda há mulheres que sofrem violências morais e até mesmo físicas de seus companheiros ou companheiras.
Ainda há homens que sofrem violências morais e até mesmo físicas de suas companheiras ou companheiros.
Como dar limites?
Como conhecer esses limites?
Quando os limites são desrespeitados,as dificuldades começam.
Dificuldades que podem levar à separação e ao divórcio.
Dificuldades que podem levar ao sofrimento filhos e filhas,animais de estimação,amigos,familiares.
Caminhamos lado a lado.
Ou não.
Quando nos afastamos e nos distanciamos,nunca é repentino.
Um processo que,se desenvolvermos a clara percepção da realidade do assim como é,poderemos prever, antecipar e até mesmo alterar o desenvolvimento do processo.
Entretanto,se não conseguirmos antever o que já acontece,se colocarmos lentes fantasiosas sobre a realidade,poderemos nos desiludir e nos sentirmos traídos na confiança mais íntima do ser.
Professor Hermógenes,um dos pioneiros do yoga no Brasil,fala sobre a criação de uma nova religião chamada “desilusionismo”:
“Cada vez que temos uma desilusão estamos mais perto da verdade,por isso agradecemos.”
Se você teve uma desilusão é porque não estava em plena atenção.
Mas não fique com raiva nem de você nem da outra pessoa.
Nada é fixo.
Nada é permanente.
Saber abrir mão,desapegar-se – até da maneira como tem vivido – é abrir novas possibilidades para todos.
Por que sofrer?
Por que manter relações estagnadas ou de conflito permanente?
Ou como transformar essas relações e dar vida nova ao relacionamento?
Apreciar e compreender a vida em cada instante é uma arte a ser praticada.
Separar-se dói,confunde,mexe com sonhos e estruturas básicas de relacionamentos.
Separação pode ser também uma bênção,uma libertação de uma fantasia,de uma ilusão.
Observe em profundidade.
Será que ainda é possível restaurar o vaso antigo?
No Japão,as peças restauradas são mais valiosas do que as novas.
Tem história,emoção,sentimento.
Cuidado com o eu menor.
Cuidado com sentimentos de rancor,raiva,vingança.
Esse sentimentos destroem você,mais do que as outras pessoas.
Desenvolva a mente de sabedoria e de compaixão.
Queira o bem de todos os seres.
Isso inclui você.
Cuide-se bem e aprecie a sua vida – assim como é –,renovando-se a cada instante e abrindo portais para o desconhecido,o novo – que pode ser antigo,mas novo a cada instante.
Mantenha viva a chama do amor incondicional e saiba se separar (se assim for) com a mesma ternura e respeito com que se uniu.
Esse é o princípio de uma cultura de paz e de não violência ativa.
Que assim seja,para o bem de todos os seres.
Mãos em prece
Monja Coen
Monja Coen é a Primaz Fundadora da
Comunidade Zen-Budista,com sede em São Paulo,onde promove diferentes
atividades,como práticas de meditação,cursos e palestras,além
de casamentos e outras cerimonias religiosas; www.monjacoen.com.br.É autora,entre outros,de “Sabedoria da Transformação” (editora Planeta).
Amor,Luz e Paz
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