Como
distinguir entre o amor verdadeiro e o apego possessivo?O amor
altruísta pode ser comparado ao som puro que vem de um copo de cristal,e o apego ao dedo que, ao tocar a beira do copo,abafa esse som.
Reconhecemos desde o princípio que a ideia de uma mor desprovido de
apego é relativamente estranha à sensibilidade ocidental.Ser
desapegado não significa que amamos menos a pessoa,mas que não
estamos centrados no amor por nós mesmos nos escondendo no amor que
dizemos sentir pelo outro.O amor altruísta é a alegria de compartilhar
da vida daqueles que estão à nossa volta – os nosso familiares,os
nossos amigos,os nossos companheiros,a nossa esposa ou o nosso marido
– e contribuir para a felicidade deles.Amamos o outro por aquilo que
ele é e não através da lente distorcida do egocentrismo.Em vez de
ficarmos apegados ao outro,temos que ter em mente a felicidade dele;em
vez de esperar que ele nos traga alguma gratificação,podemos receber o
seu amor recíproco com alegria.
E
depois podemos ir ampliando e estendendo esse amor.É preciso ser capaz
de amar todas as pessoas incondicionalmente.Amar um inimigo – isso é
pedir demais?Esse empreendimento pode parecer impossível, mas baseia-se
em uma observação muito simples:a de que todos os seres,sem exceção,querem evitar o sofrimento e conhecer a felicidade.O amor altruísta
genuíno é o desejo de que isso possa se realizar.Se o amor que
oferecemos depende do modo como somos tratados,nunca seremos capazes de
amar o nosso inimigo.No entanto,é certamente possível ter a esperança
de que ele pare de sofrer e seja feliz!
Como
conciliar esse amor incondicional e imparcial com o fato de que temos
na nossa existência relações preferenciais com certas pessoas?Tomemos o
sol como exemplo.Ele brilha para todos,com o mesmo calor e a mesma
claridade,em todas as direções.Mas há seres que, por diversas razões,se encontram mais perto dele e que,por isso,recebem mais calor.Mas em
nenhum momento essa situação privilegiada é uma exclusão. Apesar das
limitações inerentes a qualquer metáfora,compreendemos que é possível
gerar em si mesmo uma bondade a partir da qual chegamos a olhar para
todos os seres como se fossem pais,mães,irmãos,irmãs ou filhos.No
Nepal,por exemplo,chamamos qualquer mulher mais velha do que nós de
“grande irmã”,e a mulher mais nova,de “pequena irmã”.Essa bondade
aberta,altruísta e atenciosa,longe de diminuir o amor que sentimos por
aqueles que nos são mais próximos,só o faz aumentar,aprofundar-se e
ficar ainda mais belo.
É claro que temos que ser realistas – concretamente é impossível manifestar da mesma maneira a nossa afeição e o nosso amor por todos os seres vivos.É normal que os efeitos do
nosso amor envolvam mais determinadas pessoas do que outras.No
entanto,não há razão para que uma relação especial que temos com um
amigo ou um companheiro limite o amor e a compaixão que sentimos por
todas as pessoas.A essa limitação,quando surge,damos o nome deapego.O apego é nocivo na medida em que,sem propósito algum, restringe o
campo de ação do amor altruísta.É como se o sol deixasse de brilhar em
todas as direções e se reduzisse a um estreito feixe de luz.O apego é
fonte de sofrimento porque o amor egoísta se bate contra as barreiras
que ele mesmo levantou.A verdade é que o desejo possessivo e
exclusivista,a obsessão e o ciúme só têm sentido no universo fechado do
apego.O amor altruísta é a mais expressão da natureza humana, quando
essa natureza não é viciada,obscurecida e distorcida pelas manipulações
do ego.O amor altruísta abre uma porta interior que torna inoperante o
sentimento de importância de si mesmo e,portanto,também o medo
desaparece.Ele nos permite dar alegremente e receber com gratidão.
(fonte:www.budavirtual.com.br)
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