O
desejo obsessivo que costuma acompanhar o amor apaixonado deturpa a
afeição,a ternura e a alegria de apreciar e compartilhar a vida com
alguém.Ele é o oposto do amor altruísta.Surge de um egocentrismo
doentio que acarinha a si mesmo no outro ou,ainda pior,busca construir
a própria felicidade às expensas do outro.Esse tipo de desejo só quer
se apropriar das pessoas,dos objetos e das situações que o atraem para
ter controle.Considera a atração como uma característica inerente
àquela pessoa,cujas qualidades ele amplia,enquanto subestima os
defeitos.“O desejo embeleza os objetos sobre os quais pousa as suas
asas de fogo”,ressaltou Anatole France.
O
desejo obsessivo é reflexo da intensidade e da frequência das imagens
mentais que o desencadeiam. Como um disco riscado,fica repetindo o
mesmo leitmotiv.É uma polarização do universo mental,uma perda de
fluidez,que prejudica a liberdade interior.Alain escreveu: “Este
amante desprezado,que se contorce sobre a cama em vez de dormir e que
medita sobre vinganças terríveis.O que sobraria da sua ferida se ele
não pensasse mais sobre o passado e sobre o futuro?Este ambicioso,ferido no coração por um fracasso,onde procurará ele sua dor,senão em
um passado que ressuscita e em um futuro que inventa?”
Essas obsessões tornam-se muito dolorosas quando não são atendidas e
vão ficando cada vez mais fortes quando o são.O universo da obsessão é
um mundo onde a urgência se vincula à impotência.Somos pegos por uma
engrenagem de tendências e pulsões que conferem à obsessão um caráter
lancinante.Outra de suas características é a insatisfação fundamental
que ela suscita.Ela não conhece a alegria e muito menos a plenitude ou a
realização.Não poderia ser de outra maneira,já que aquele que é
vítima da obsessão insiste em buscar alívio exatamente naquelas
situações que são as causas do seu tormento.O dependente de drogas
reforça a sua dependência,o alcoólatra bebe até chegar ao delírio,o
amante desprezado olha para a foto da sua amada o dia todo.A obsessão
gera um estado de sofrimento crônico e de ansiedade,aos quais se somam,por sua vez,o desejo e a repulsa,a insaciabilidade e a exaustão.Na
verdade,ela é um adendo às causas do sofrimento.
Estudos
indicam que diferentes regiões do cérebro e diferentes circuitos
neurais estão em ação quando “queremos” alguma coisa e quando “gostamos”
dela.Isso nos ajuda a compreender pelo qual,quando nos acostumamos a
sentir certos desejos,tornamo-nos dependentes deles – continuamos a
sentir a necessidade de satisfazê-los mesmo quando já não gostamos do
sentimento que provocam.Chegamos ao ponto de desejar sem gostar,desejar sem amar.No entanto,podemos querer ser livres da obsessão,que machuca porque nos compele a desejar aquilo que não nos agrada mais.Podemos,também,amar alguma coisa ou alguém sem necessidade
desejá-los.
(fonte:www.budavirtual.com.br)
Amor,Luz e Paz
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